Espionagem: o cybersistema Fve Eyes. Cinco Olhos
Por WFM-CARTACAPITAL
IBGF, 09 de novemvro de 2013.
Depois de grampeado, o papa
Francisco fingiu, pelo porta-voz padre Lombardi, ser a espionagem coisa vetusta
e desimportante. De fato, trata-se de fenômeno antigo e praticado pelos
sumérios, por volta do ano 4000 aC. Talvez, a atividade de espião seja mais
antiga do que a de prostituta. Na Idade Média, a república de Veneza usava a
espionagem para evitar sabotagens nos portos, preparar a sua defesa contra a
França e evitar ser transformada em Estado pontifício, tudo conforme desejado
pelo papa Giulio II Della Rovere.
Quando da Guerra Fria, um 007
valia por um batalhão e as agências KGB, CIA e Stasi, enterravam a prinvacidade
e se desesperavam com os agentes duplos. Em 1905, a escritora Emma Orczy lançou
“A Prímula Vermelha” e abriu um filão literário novo, com a espionagem a gerar
suspenses. Ian Fleming, depois de passar pelo serviço secreto britânico, criou,
para o cinema, o agente James Bond, detentor do código 007.
Com efeito, considerar a
espionagem desimportante sempre foi sinal de tibieza. O Vaticano tem um núcleo
de inteligência e problemas. Além da lavanderia bancária via IOR, proliferam os
“corvos”, incluído o mordomo infiel Gabriele.
No Brasil e ao tempo de FHC,
espiões travestidos de funcionários da embaixada norte-americana colocaram
equipamentos de escuta ambiental no gabinete da presidência, conforme
documentou e informou Carta Capital em matéria assinada pelo jornalista Bob
Fernandes. Segundo Bob Fernendes, o 007 de nome Carlos Costa, do Nsa,
descobrira que os serviços de limpeza no Palácio do Planalto eram terceirados
e, aí, ficou fácil infiltrar. O único problema era a troca das baterias, de
tempos em tempos.
Da minha parte, na condição de
Secretário Nacional, encontrei, por acaso no Aeroporto de Manaus, um grupo de
norte-americanos engravatados. Todos vieram me cumprimentar e deixaram cartões
de visitas a revelar suas identidades de agentes da CIA, Nas e DEA. Em resposta
à minha pergunta, esses 007 contaram que tinham estado na Floresta Amazônica,
no lado brasileiro, para colher informações, inclusive sobre narcotráfico. A
representação que encaminhei, pelo Gabinete de Segurança Institucional e com
intuito de alertar o presidente FHC, não deu em nada. O caso chegou à Comissão
de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN) que
resolveu me ouvir, mas a sessão, por manobra parlamentar tucana, restou adiada
sine-die.
Como fachada para bisbilhotar,---
e como se viu na presidência de Ronald Reagan--, usava-se a “war on drugs”
(guerra às drogas). Depois do trágico 11 de setembro, o terrorismo virou
justificativa para encobrir interesses políticos, militares, econômicos e
comerciais. Para se ter uma idéia, chegam mensalmente a Maryland, na sede da
Nsa, 180 milhões de informações. E um banco com 850 bilhões de dados
originários em bisbilhotagens é servido pelo poderoso motor de busca
X-Key-Score.
O sistema geopolítico de
espionagem eletrônica dos EUA é conhecido por “Five Eyes” (Cinco Olhos). Na
verdade, virou um clube de espionagem anglofônico a envolver EUA, Grã Bretanha,
Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Os “Cinco Olhos” são reforçados por aquele
dos aliados: Nato, União Européia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Espanha,
Japão, Coréia do Sul, Israel, México, Índia, Colômbia, Chile e Brasil. São
considerados inimigos, e bem olhados, a China, Rússia, Irã, Coréia do Norte,
Paquistão, Síria e Cuba. Como advertiram as grampeadas presidenta Dilma e a chanceler
alemã Merkel, houve quebra de confiança a partir do momento em que os 007, a
serviço dos “Cinco Olhos”, espionaram os aliados. Desconfiança grave pois o
objetivo primário desse clube de nome “Five Eyes” é detectar os estados
nacionais com capacidade de reduzir a influência americana e os inimigos que
representam uma ameaça, real ou potencial, aos cidadãos e aos militares: aí é
que entra o terrorismo internacional.
Embora 35 líderes tenham sido
bisbilhotados, apenas Dilma e Merkel protestaram à altura: Dilma na ONU e a
suspender a sua visita oficial aos EUA e Merkel na União Européia e por
telefonema a Obama. As duas apresentaram um projeto de resolução às Nações
Unidas. A resolução, depois de dantescos espetáculos protagonizados pelos EUA
característicos de violações à segurança de Estados Nacionais e aos direitos
naturais da pessoa humana em face da quebra da privacidade, deverá ser
aprovada.
Como adverte Marvin Cetron, um
dos maiores especialistas no tema espionagem, “é muito mais difícil regrar a
espionagem, até diante de novas tecnologias que surgirão, do que limitar a
difusão e o tráfico de armas atômicas”. Marvim falou,também, sobre o celular
griptografado de Merkel e visou que as agências norte-americanas, há mais de 8
anos, conseguem decodificar sinais.
Dilma Roussef fez questão de
ressaltar na ONU que o seu governo, diversamente daquele de FHC, não admite
espionagens e bisbilhotagens. Merkel, --que chegou à última reunião da União
Européia a bordo de um Audi de placa BGI-007 só vai se acalmar, como circulou
pelos corredores do palácio de Bruxelas, quando a Alemanha virar o sexto olho
do sistema, deixada a condição de aliado.
Pano rápido. A definição de
espião, contida na Convenção de Haia de 1907, já está superada e o mundo
democrático está a dever muito a Julian Assange e Edward Snowdwn.
Nenhum comentário:
Postar um comentário